Não passasse o Niágara de uma catarata de areia, viajaríeis mil milhas para vê-la? Por que o pobre poeta do Tennessee, ao receber inesperadamente dois punhados de prata, hesitou em comprar um casaco, de que ele tristemente necessitava, e gastar seu dinheiro numa viagem a pé à praia de Rockaway? Porque quase todo rapaz robusto e sadio, de alma robustae sadia dentro dele, numa ocasião ou noutra fica louco para ir para o mar? Por quê, em vossa primeira viagem como passageiro, vós mesmos sentistes uma vibração tão misteriosa, quando vos disseram pela primeira vez que vós e o navio já não podíeis divisar a terra? Por que os antigos persas consideravam sagrado o mar? Por que lhe atribuíram os gregos um deus especial, o próprio irmão de Jove? Por certo tudo isso não deixa de ter sentido. E ainda é mais profundo o sentido daquela história de Narciso, que, por não poder pegar a imagem atormentadora e suave, mergulhou nela e afogou-se. Mas essa imagem, nós mesmos a vemos em todos os rios e oceanos. É a imagem do inegarrável fantasma da vida; e esta é a chave de tudo.
Hora do Mergulho
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